Pesquisa da Contraf revela que assaltos a bancos mataram 23 pessoas em 2010
05 Jan
Pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) com base em informaçÔes da imprensa revela que 23 pessoas foram mortas em assaltos envolvendo bancos em todo paĂs durante o ano de 2010. Entre as vĂtimas fatais, oito sĂŁo vigilantes, oito clientes, dois policiais e um bancĂĄrio. Os casos ocorreram em SP (5), RS (3), RJ (3), PA (2), PE (2), PR (3), MG (2), BA, MA e DF.
"Uma mĂ©dia de quase duas mortes por mĂȘs Ă© assustadora", avalia o diretor da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança BancĂĄria, Ademir Wiederkehr. Para ele, "a estatĂstica comprova o descaso e a escassez de investimentos dos bancos em medidas e equipamentos de prevenção contra assaltos e sequestros, bem como revela a precariedade da segurança pĂșblica diante da falta de mais policiais e viaturas nas ruas e açÔes de inteligĂȘncia para evitar açÔes criminosas".
Dentre as ocorrĂȘncias, hĂĄ dez crimes conhecidos como "saidinha de banco". Conforme o dirigente sindical, "essa ação dos bandidos começa dentro das agĂȘncias e, por isso, esse crime nĂŁo Ă© somente um problema de segurança pĂșblica como alegam certos bancos, mas Ă© um golpe que tambĂ©m precisa ser enfrentado por eles, atravĂ©s do reforço dos equipamentos de prevenção e os lucros permitem investir mais em segurança".
"Os bancos precisam ampliar as medidas preventivas, como procedimentos que dificultem a visualização por terceiros das operaçÔes dos clientes nas agĂȘncias e postos, como a instalação de divisĂłrias individualizadas e biombos entre a fila de espera e os caixas, alĂ©m de portas de segurança com detectores de metais, cĂąmeras de filmagem com monitoramento em tempo real e vidros blindados nas fachadas", defende Ademir.
"Os estabelecimentos nĂŁo podem ser vulnerĂĄveis, senĂŁo expĂ”em ao riso a vida de bancĂĄrios, vigilantes, clientes e usuĂĄrios, alĂ©m de transeuntes e outras pessoas que acabam sendo vĂtimas de quadrilhas cada vez mais atrevidas e aparelhadas, inclusive com explosivos", alerta o diretor da Contraf-CUT.
Veja as mortes ocorridas em assaltos envolvendo bancos em 2010:
1. O vigilante Nelson Nunes Reis, 34 anos, foi baleado no tĂłrax e morreu a caminho do hospital durante assalto ao posto do Banco do Brasil no Multishop, no bairro da Boca do Rio, em Salvador. O crime ocorreu no dia 24 de fevereiro.
2. Um bancĂĄrio foi morto em assalto a uma agĂȘncia do Bradesco em Santa Luzia do ParuĂĄ, no interior do MaranhĂŁo, no dia 2 de março. Houve tiroteio e, segundo a polĂcia, oito morreram. Um deles era caixa na agĂȘncia e sete assaltantes. Uma gerente ainda ficou ferida e clientes foram feitos refĂ©ns.
3. O vigilante Daniel Oliveira de Lima, 40 anos, funcionĂĄrio da empresa de transporte de valores Proforte, foi morto no dia 6 de abril, quando fazia manutenção do caixa eletrĂŽnico do Banco do Brasil num posto de combustĂvel na Avenida Inglaterra, centro de CambĂ© (PR). Segundo a polĂcia, um trio chegou armado e deu voz de assalto ao vigilante. Houve tiroteio e a vĂtima morreu no local.
4. A cliente LĂșcia Maria de Carvalho Ramos, de 60 anos, foi morta a tiros no dia 12 de abril durante uma "saidinha de banco" no GrajaĂș, Rio de Janeiro. vĂtima teria sacado R$ 10 mil numa agĂȘncia bancĂĄria e foi seguida pelos criminosos. Ao ser abordada, resistiu em entregar sua bolsa e foi baleada.
5. O transeunte AntĂŽnio Carlos Mota morreu depois de tiroteio em frente Ă agĂȘncia do Santander na Sete de Setembro, em Recife, no dia 14 de abril. Dois motoqueiros tentaram assaltar um cliente, que ia ao banco efetuar um depĂłsito com malote. O cliente resistiu e houve troca de tiros. Um deles acertou o transeunte, que morreu na hora. A vĂtima era presidente da Escola de Samba Unidos de SĂŁo Carlos, de Afogados.
6. O cliente Osvaldo da Silva, de 56 anos, foi assassinado em um assalto na saĂda de uma agĂȘncia do BRB em Taguatinga, Distrito Federal, no dia 3 de maio. ApĂłs fazer um saque na agĂȘncia, o correntista foi seguido atĂ© um estacionamento prĂłximo, onde foi abordado. Osvaldo reagiu, levou dois tiros e morreu.
7. A economista PatrĂcia Martins Cardoso, de 48 anos, morreu no dia 4 de maio, depois de ser baleada durante um assalto conhecido como "saidinha de banco". Ela acompanhava seu pai, que havia realizado saques em agĂȘncias do BB e Caixa no bairro Gutierrez, em Belo Horizonte. Um homem armado levou a bolsa da vĂtima e atirou na fuga.
8. O operador de mĂĄquinas Valdecir Cordeiro foi baleado e morto em troca de tiros entre polĂcia e quatro assaltantes que invadiram um posto bancĂĄrio do Banrisul no prĂ©dio anexo Ă prefeitura do municĂpio de Gramado dos Loureiros, no Rio Grande do Sul, no dia 2 de junho.
9. Durante o mesmo assalto em Gramado dos Loureiros (RS), Alvino Machado, 51 anos, ex-prefeito da cidade, foi atingido na cabeça por uma bala. Ele foi levado para o hospital, onde faleceu no dia seguinte.
10. O vigilante Giovani da Fontoura Fagundes, 34 anos, foi morto no dia 7 de junho em assalto a um carro-forte da empresa Brinks. O ataque aconteceu no km 31 da rodovia Gramado-TrĂȘs Coroas (ERS-115), em Gramado, na serra gaĂșcha.
11. Um cliente foi morto no estacionamento da agĂȘncia do ItaĂș Unibanco de Londrina, ParanĂĄ, no dia 16 de junho. Ele foi abordado e morto apĂłs realizar um saque na agĂȘncia.
12. O cliente JoĂŁo Cachengo JĂșnior, de 45 anos, foi outra vĂtima do crime de saidinha de banco, no dia 2 de agosto. Era empresĂĄrio musical e foi atingido por dois tiros quando saĂa de um banco na Rua Domingos de Moraes, na Vila Mariana, na Zona Sul de SĂŁo Paulo. Segundo a polĂcia, ele havia acabado de sacar dinheiro na agĂȘncia. Testemunha disse que viu uma moto com dois homens fugindo.
13. O vigilante Edvaldo CĂcero AmbrĂłsio Cunha, 29 anos, morreu na hora, depois de ser atingido por trĂȘs tiros, sendo um em cada perna e o terceiro no peito, logo acima do colete Ă prova de balas, durante assalto no dia 16 de agosto, por volta das 10h, quando um carro-forte da Preserve chegava para abastecer a agĂȘncia do Real, adquirido pelo Santander, em JaboatĂŁo dos Guararapes, na RegiĂŁo Metropolitana de Recife. Edvaldo era casado hĂĄ um ano e nĂŁo tinha filhos.
14. O vigilante Enir Nazareno Machado JĂșnior foi morto ao ser baleado durante roubo de malote dentro da agĂȘncia do Banco do Brasil na Cidade Nova, em Ananindeua, no ParĂĄ, no inĂcio da noite de dia 9 de setembro. Ele foi baleado na cabeça com um disparo Ă queima-roupa ao tentar proteger um adolescente. Um bancĂĄrio e um vigilante tambĂ©m foram feridos.
15. O vigilante de carro-forte da Prosegur, Charles Mendes da Silva, 35 anos, que era chefe de equipe, foi morto na noite de sĂĄbado, dia 11 de setembro, em tiroteio com assaltantes na zona sul de SĂŁo Paulo, durante abastecimento de caixa eletrĂŽnico num posto de combustĂveis na estrada Guavirutuba, no Jardim Ăngela, por volta das 19h, segundo informaçÔes da PolĂcia Militar.
16. O vigilante de carro-forte da Prosegur, RogĂ©rio Aparecido Vieira da Silva, 35 anos, tambĂ©m foi morto na noite de sĂĄbado, dia 11 de setembro, em tiroteio com assaltantes na zona sul de SĂŁo Paulo, durante abastecimento de caixa eletrĂŽnico num posto de combustĂveis na estrada Guavirutuba, no Jardim Ăngela, por volta das 19h, segundo informaçÔes da PolĂcia Militar.
17. O cliente Carlos Alberto Santa BrĂgida do Nascimento, 64 anos, foi mais uma vĂtima fatal do crime de saidinha de banco. No dia 23 de setembro, ele sacou dinheiro numa agĂȘncia do BB, na Rua 15 de Novembro, e foi seguido por dois bandidos, que estavam em uma motocicleta. O fato ocorreu no estacionamento do conjunto residencial Aloysio Chaves, no bairro do Jurunas, em BelĂ©m, no qual ele morava. Ele era prĂĄtico e estava acompanhado do motorista Edson Roberto Monteiro, o qual afirmou para a polĂcia que trabalhava hĂĄ 18 anos com a vĂtima.
18. O cliente Luiz Paulo Rodrigues da Silva, 39 anos, foi morto na manhĂŁ do dia 23 de setembro, numa saidinha de banco na Tijuca, no Rio de Janeiro. Ele havia acabado de sair de uma agĂȘncia com R$ 8 mil quando foi abordado por um bandido na Rua Conde Bonfim, em frente ao nĂșmero 220. Ele era agente penitenciĂĄrio, reagiu, foi baleado e teria acertado um tiro no criminoso. O ladrĂŁo fugiu na garupa de uma moto sem levar o dinheiro, mas roubou a sua arma. Foi levado para o Hospital Panamericano, tambĂ©m na Tijuca, mas nĂŁo resistiu.
19. Um policial federal foi morto durante assalto a uma lotĂ©rica em 4 de outubro, na regiĂŁo central de Curitiba. TrĂȘs homens chegaram ao local e obrigaram todos a deitar no chĂŁo. O estabelecimento estĂĄ localizado perto de uma delegacia da PolĂcia Federal e testemunhas avisaram os policiais, que tentaram ajudar. Na troca de tiros, o policial foi atingido no coração e morreu no local.
20. O cliente OsĂłrio Joaquim GuimarĂŁes Neto, 55 anos, foi executado em 5 de novembro ao reagir a um assalto na Rua Andaluzita, Bairro Carmo, Zona Sul de Belo Horizonte, a poucos metros da Corregedoria das PolĂcias Civil e Militar. Era engenheiro civil aposentado e ex-secretĂĄrio de Obras de Uberaba. Outro caso de saidinha de banco.
21. Um vigilante foi morto em 18 de novembro durante assalto Ă agĂȘncia do Bradesco em Guarulhos, na Grande SĂŁo Paulo. Os assaltantes estavam armados com fuzis e invadiram o banco, matando o vigilante. Fugiram levando uma quantia em dinheiro.
22. O cliente MĂĄrio DalfrĂ©, de 61 anos, morreu em 2 de dezembro, no Hospital Unimed, em Limeira, no interior de SĂŁo Paulo. Ele foi vĂtima, junto com o filho, de 19 anos, do crime de "saidinha de banco", horas antes, na frente da casa de um familiar, no Jardim Boa Vista, na Rua Vicente de Carvalho.
23. Um soldado da PolĂcia Militar foi assassinado a tiros em 10 de dezembro, na Rua Salvatori, no bairro Rocha, em SĂŁo Gonçalo, RegiĂŁo Metropolitana do Rio de Janeiro. O policial foi vĂtima do crime de saidinha de banco. Ele era o cabo do 12Âș BPM (NiterĂłi) AntĂŽnio JosĂ© de Souza Martinez, de 46 anos. O garupa de uma motocicleta fez os disparos e o militar morreu no local. O militar havia acabado de sair de uma agĂȘncia, onde teria sacado dinheiro.
